domingo, 29 de março de 2009

Muito sensibilizado e grato, transcrevo do Jornal de Notícias de hoje o seguinte texto:

Histórias partilhadas entre avós e netos

A "Vovóteca" vai ocupar o Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, todos os meses.
Ontem, Manuel Machado Sá Marques, neto do patrono do museu, foi o primeiro a partilhar as histórias com os mais novos.
A escolha do dia de ontem para o arranque da iniciativa não foi acaso: celebraram-se 158 anos sobre o nascimento do antigo presidente da República.
O conceito "Vovóteca" não é muito usual. Talvez até nunca tenha sido usado, mas já começou a ser posto em prática no novo projecto educativo do Museu Bernardino Machado. O objectivo é simples: transmitir às gerações mais novas o conhecimento dos mais velhos e as suas histórias. "É importante que os avós se sintam úteis e, a partir da 'Vovóteca', os mais velhos podem partilhar jogos, histórias, vivências", explicou o vereador da Cultura da Câmara de Famalicão, Leonel Rocha, frisando que o projecto pretende valorizar o conhecimento dos séniores.
Segundo o autarca, Bernardino Machado teve muitos netos e "sempre se preocupou muito com eles", ao ponto de a mulher do antigo presidente ter escrito a obra "Contos para os meus netos". Por isso, a ideia lançada por uma colaboradora do museu no âmbito de uma pós-graduação de Gestão de Actividades Artísticas, Culturais e Educativas foi "agarrada" pela autarquia.
"Não sabia muito bem o que ia ser a iniciativa, mas achei interessante", disse, ao JN, o jovem Rui Miguel, depois de ter ouvido as histórias de Manuel Machado Sá Marques. "Gosto sempre de ouvir as histórias dos mais velhos, eles têm outros valores que podem incutir nos mais novos", salientou, notando que assistir à próxima sessão é uma forte possibilidade.
A partilha de histórias entre avós e netos vai decorrer mensalmente, sendo, que numa primeira fase, os "avós" deverão ser pessoas ligadas à escrita infantil.
"Agora, o que eles aprendem vem dos vídeojogos, da televisão, da 'playstation' e é importante que tenham este tipo de contactos", revelou Lina Branco, que assistiu à iniciativa com os filhos. "É importante dar a conhecer o que se fazia antigamente", atirou.
Na "conversa de avô" (como a apelidou Manuel Machado Sá Marques), o primeiro orador lembrou os afectos que foi tendo de Bernardino Machado. "Tenho recordações afectivas da minha juventude porque só mais tarde comecei a perceber a sua intervenção política", notou, respondendo também às questões lançadas pelo público.
Dono de uma alegria contagiante, Manuel Machado Sá Marques diz "adorar" falar sobre o avô. De resto, começou agora a construir um blogue onde estarão documentos e informações sobre o antigo chefe de Estado.
E não se cansa de salientar que gosta de contar histórias aos mais novos e de recordar tempos de outrora.
Por outro lado, o neto do antigo presidente da República considera que "já se começa a fazer justiça, porque, durante décadas, apagou-se a memória do meu avô".
De resto, salientou o "papel do museu" na afirmação da memória do antigo presidente da República, que, nas palavras do neto, tinha "duas famílias": "Nós e a República".

ALEXANDRA LOPES
Publicado a 2009-03-29 no JORNAL de NOTÍCIAS

2 comentários:

paula disse...

Concordo plenamente com a jornalista "dono de uma alegria contagiante" e acrescento mais: e com um coração de ouro... Adoro-o
Beijinho grande
Paulamego

Unknown disse...

Ouvir falar Manuel Sá Marques de seu avô é estar sempre a apreender.
É com alegria e afecto que revive os momentos passados com o avô Bernardino Machado, é um prazer escutá-lo.
Invejo-lhe a viva memória. Todos ficamos a ganhar.
Estamos-lhe muito agradecidos.
Gosto muito de si.
Manuela Granja