quarta-feira, 12 de agosto de 2009





Correspondência e recordações



É inúmera a correspondência trocada entre meu Avô e os meus Pais que ainda conservo, pois tenciono, como já prometi, enviá-la para o Museu Bernardino Machado.
O afecto que Bernardino Machado sempre manifesta a meu Pai, vem do tempo da Universidade de Coimbra.
Meu Pai, Alberto de Sá Marques de Figueiredo, fez os cursos de Matemática e Filosofia Natural em Coimbra, nos anos de 1900 a 1905, recebendo as mais elevadas classificações (conservo os diplomas que lhe foram então entregues).
Frequentou o Curso de Antropologia de 1904/5, e quando terminou a formatura ofereceu ao Professor a sua fotografia, com a respectiva pasta de quintanista. Meu Avô não deixou de agradecer a gentileza, num simpático cartão, enviado para a Beira, onde já se encontrava o jovem doutor.
Logo no ano seguinte pede o apoio do “veterano” para o filho do seu amigo Manuel Pais.
Meu pai começou a leccionar no Liceu de S. Domingos, Liceu Central de Lisboa, em 1906. Com a vinda para o mesmo estabelecimento de ensino, em 1907, do filho mais velho de Bernardino Machado, as relações de Coimbra, já amistosas dos dois, de meu pai e do António Machado, continuam. É a vinda para Lisboa de Bernardino Machado, após a exoneração de Lente da Universidade, que condiciona o casamento de meu Pai, em 1912, com uma das suas filhas mais velhas. Nessa data, já meu Pai leccionava no Liceu Camões, inaugurado em 1908, por D. Manuel II.
Neste liceu e na Escola Industrial Fonseca Benevides, meu Pai trabalhou até 1934, quando foi “convidado” a aposentar-se… Nos últimos anos, com a perda progressiva da visão, e cegueira por descolamento de retina, regia as turmas com tal mestria, que a maioria dos meus colegas do liceu, me afirmava, “que meu pai via mal, mas o suficiente para os ensinar e corrigir…”. Ainda há pouco tempo, um antigo “chefe de turma” de meu Pai, o bondoso Nuno Caetano, recordava o respeito que todos os colegas manifestavam ao professor.
Meu Pai teve um grande desgosto, e ficou muito perturbado, com a decisão dos órgãos liceais (era Reitor do Liceu Camões o professor Manuel Cristiano de Sousa, um defensor ferrenho do Estado Novo…).
Transcrevo a carta que meu Avô escreveu a meu Pai, sobre a aposentação.



O Curso de Filosofia de 1904/5 reunido com os Professores de Antropologia, Bernardino Machado e Henrique Teixeira Bastos; na primeira fila, sentado à direita, está meu pai; de pé à esq. está o aluno do 4º ano de Filosofia - António Machado






Fotografia oferecida por meu pai a Bernardino Machado, no final do curso.







Agradecimento de Bernardino Machado.








Carta de Bernardino Machado para o "veterano", Alberto de Sá Marques de Figueiredo.



Envio de saudades para os noivos!

Meu Pai ladeado por meu irmão Luís e pelo Professor Doutor Álvaro Rodrigues Machado, da Universidade do Porto, que o acompanhou durante o "processo" de aposentação.







1 comentário:

pn disse...

Profícua a memória, assim partilhada.

Qual a relação entre os senhores Dr. Alberto Sá Marques, Pe. Sá Marques e Dr. Adolfo Sá Marques, da "velha Barrelas de um sino"?

A "AQUILINO" já seguiu...

Cumprimentos,
p.